
Candidíase: o que é, tipos, sintomas e tratamento
Sabias que a candidíase não é considerada uma infeção sexualmente transmissível, embora possa ser transmitida por via sexual? Entende o que isto significa e vê como te podes proteger.
A saúde sexual é parte essencial do bem-estar físico e emocional, e falar sobre infeções comuns é um passo importante para promover a prevenção. Uma das infeções mais frequentes, sobretudo entre mulheres, é a candidíase.
É uma condição comum, mas que ainda levanta algumas dúvidas. Na verdade, não é considerada uma infeção sexualmente transmissível (IST), embora possa ser transmitida durante as relações sexuais.
Mas se isso te parece confuso, e se tens outras dúvidas, criámos este guia para conheceres os tipos de candidíase, os sintomas, o tratamento e como te podes prevenir para não a apanhar — afinal, a prevenção é sempre o melhor remédio.
O que é candidíase?
A candidíase é uma infeção causada por fungos do género Candida, principalmente o Candida albicans.
Apesar de viver naturalmente no corpo humano, este fungo pode multiplicar-se em excesso e provocar sintomas desconfortáveis, nomeadamente quando há um desequilíbrio na flora vaginal.
A candidíase vaginal é a mais conhecida forma desta infeção, que pode afetar diferentes partes do corpo, nomeadamente a boca — já ouviste falar de candidíase oral?
Já falaremos disso tudo mais abaixo. Mas vamos antes ver quais são as principais causas da candidíase.
Como é causada?
A candidíase é provocada pelo crescimento excessivo de fungos, como já vimos. Mas, afinal, porque é que esse crescimento se dá?
Os fungos do género Candida vivem naturalmente no nosso corpo — na boca, na pele, no intestino e na região genital — sem causar nenhum problemas.
Quando estão em equilíbrio com as “boas bactérias” do organismo que fazem parte da flora natural, está tudo bem. O problema surge quando esse equilíbrio se rompe.
Nessas situações de desequilíbrio, o fungo encontra condições favoráveis para se multiplicar em excesso e causa a infeção. Mas o que contribui para isso?
Alguns dos fatores que podem desencadear a candidíase são os seguintes:
- Uso de antibióticos — eliminam as bactérias boas da flora, abrindo espaço para o crescimento do fungo;
- Alterações hormonais — gravidez, uso de anticoncecionais ou variações do ciclo menstrual podem alterar o pH vaginal e favorecer a candidíase;
- Baixa imunidade — quando o sistema de defesa do corpo está fragilizado (por stress, doenças ou cansaço), o fungo pode proliferar mais facilmente;
- Alimentação rica em açúcares — o fungo alimenta-se de glicose e, por isso, dietas com muito açúcar podem favorecer o seu crescimento;
- Roupa apertada e pouco respirável — o calor e a humidade criam um ambiente ideal para o desenvolvimento do fungo;
- Diabetes mal controlada — o excesso de glicose no organismo aumenta o risco de infeções por Candida.
Porque não é uma IST?
A candidíase pode surgir mesmo em pessoas sem qualquer atividade sexual e, portanto, não depende exclusivamente do sexo para se manifestar. É, por isso, que não é considerada uma IST.
Contudo, é preciso sublinhar que a infeção pode ser transmitida por via sexual, especialmente se houver sintomas ativos.
Assim, é importante tratar e evitar relações sexuais durante crises de candidíase, para evitar a transmissão ax parceirx, e também para não causar desconforto ou reinfeção.
Tipos de candidíase
Existem vários tipos de candidíase que podem ter sintomas e tratamentos distintos, conforme os casos. Vamos falar-te dos principais já de seguida.
Candidíase vaginal ou candidíase feminina
É a mais comum, e já afetou, ou vai afetar, quase todas as pessoas com vagina em algum momento das suas vidas. Surge quando há alterações no equilíbrio da flora vaginal motivadas por algumas das causas que referimos acima.
Candidíase peniana
Este tipo de candidíase é mais raro, mas pode acontecer em pessoas com pénis, especialmente em situações de má higiene íntima, com o uso prolongado de antibióticos ou em pessoas com imunidade comprometida.
Candidíase oral (os famosos “sapinhos”)
Esta versão caracteriza-se pelo aparecimento de placas esbranquiçadas na boca, língua e garganta. Afeta sobretudo bebés, idosos e pessoas com baixa imunidade.
Candidíase cutânea
Este tipo de candidíase surge em zonas de maior calor e humidade, como as axilas, as virilhas e debaixo das mamas.
Candidíase sistémica
É o tipo de candidíase mais grave e raro, ocorrendo quando a infeção se espalha pelo sangue e pelos órgãos internos. Normalmente, afeta pessoas hospitalizadas ou com imunidade muito baixa.
Candidíase: sintomas mais comuns
Os sintomas variam de acordo com a região afetada. Alguns dos sintomas de candidíase mais habituais são os seguintes:
- Comichão intensa, corrimento branco e espesso, ardor ao urinar e dor durante relações sexuais na candidíase vaginal;
- Vermelhidão, comichão, dor e placas esbranquiçadas na glande, no caso da candidíase peniana;
- Placas brancas na boca e língua, dor ao engolir e sensação de boca seca, na candidíase oral;
- Fissuras, vermelhidão, descamação e prurido, na candidíase cutânea.
Tratamento da candidíase
A boa notícia é que a candidíase tem um tratamento simples e eficaz. Na maioria dos casos, em poucos dias os sintomas melhoram e o desconforto desaparece.
Mas é importante lembrar que cada caso é único, e só um profissional de saúde pode indicar o tratamento mais adequado.
Em todo o caso, vamos indicar-te algumas estratégias de tratamento da candidíase que têm resultados positivos.
Medicamentos antifúngicos
Existem pomadas, cremes ou óvulos vaginais, alguns dos quais de venda livre, que são para uso local na zona afetada pela candidíase.
Estes medicamentos antifúngicos são aplicados diretamente na região afetada e ajudam a controlar rapidamente a multiplicação do fungo.
Normalmente, são usados durante alguns dias, de acordo com recomendação médica.
Há também comprimidos para uso oral que podem ser indicados em situações de candidíase recorrente, mais intensa ou quando o uso local não é suficiente.
O mais importante é seguir o tratamento até ao fim, mesmo que os sintomas melhorem logo nos primeiros dias.
Alimentação equilibrada (e sem açúcar!)
O Candida albicans adora açúcar! Por isso, durante o tratamento da candidíase, é uma boa ideia reduzir o consumo de doces, refrigerantes e alimentos muito processados.
Deve-se apostar no consumo de frutas, legumes e probióticos, como o iogurte natural, que podem ajudar a fortalecer a flora intestinal e vaginal, prevenindo novas infeções.
Evitar a automedicação
Embora a candidíase seja comum, os sintomas podem ser parecidos com os de outras infeções. Isso leva algumas pessoas a automedicarem-se, o que pode mascarar o problema e atrasar o diagnóstico correto.
Por isso, o melhor é procurar orientação médica sempre que seja possível.
Se os sintomas forem recorrentes, intensos, ou não melhorarem após o tratamento, é fundamental procurar acompanhamento médico. Só um diagnóstico correto garante o tratamento adequado e evita complicações.
Como prevenir a candidíase?
Prevenir é sempre melhor do que “ir atrás do prejuízo” e, no caso da candidíase, alguns cuidados simples podem fazer toda a diferença no dia a dia.
Eis algumas medidas práticas que podes começar a aplicar já hoje.
Escolhe roupa adequada
- Prefere roupa interior de algodão, que ajude a manter a região íntima ventilada;
- Evita calças muito apertadas ou roupas sintéticas, que retêm calor e humidade;
- Dorme sem roupa interior, sempre que possível, para permitir que a pele respire.
Mantém a higiene íntima equilibrada
- Lava a região íntima apenas com água e sabonetes suaves, evitando duches vaginais ou produtos perfumados que alteram a flora natural;
- Seca bem a área íntima após o banho, já que a humidade favorece o crescimento do fungo;
- Troca de roupa interior após exercícios físicos ou atividades que causem suor excessivo.
Alimenta-te bem
- Reduz o consumo de açúcares e alimentos muito processados, pois o Candida albicans alimenta-se de glicose;
- Inclui na dieta alimentos ricos em probióticos (como iogurte natural e kefir), que ajudam a equilibrar a flora intestinal e vaginal;
- Bebe bastante água para manter o organismo hidratado e saudável.
Usa medicamentos com cuidado
O uso frequente de antibióticos ou corticoides pode desequilibrar a flora natural e aumentar o risco de candidíase. Por isso, utiliza-os sempre com orientação médica e muita atenção.
Cuida-te durante as relações sexuais
O uso de preservativo protege contra infeções sexualmente transmissíveis e também pode ajudar a reduzir episódios de candidíase.
Se houver sintomas, o ideal é evitar relações sexuais até ao fim do tratamento, para maior conforto e prevenção de recorrências.
Mantém o teu sistema imunitário forte
Dormir bem, praticar atividade física regular e controlar o stress são hábitos que fortalecem o sistema imunitário e que ajudam o corpo a manter o fungo sob controlo. Portanto, cuida também dessa parte.
É possível viver sem candidíase (se te cuidares)
Como dá para entender com estas dicas, a candidíase pode ser prevenida com pequenas mudanças no dia a dia — desde a roupa, passando pela higiene e pela alimentação, até aos cuidados com a saúde em geral.
Ter atenção ao corpo e adotar hábitos saudáveis é a melhor forma de manter o equilíbrio natural e de evitar desconfortos.
A candidíase é uma infeção comum e tratável, mas que pode causar grande desconforto se não for devidamente cuidada. Portanto, aposta na prevenção e ouve os sinais do teu corpo para evitares o pior cenário.